Segundo um estudo que avaliou em que medida o nome
da doença pode influenciar a crença sobre o uso de
medicamentos (genéricos e de marca) em indivíduos
saudáveis, e (2) a existência de eventuais diferenças de
género associadas às crenças sobre a medicação para
doenças específicas. Participaram neste estudo 144 indivíduos
saudáveis (54% mulheres) que completaram um
questionário constituído por vignettes em que diferentes
prescrições (genérico/marca) foram dadas para a mesma
doença. Foram utilizados quatro nomes de doença: gripe,
amigdalite, asma e angina de peito. Os resultados indicam
que existem efeitos de interacção entre tipo de medicamento
e doença. Os participantes concordam com a
prescrição do medicamento genérico para todas as doenças,
no entanto esta concordância diminui significativamente
à medida que a gravidade da doença aumenta. Verificaram-
se ainda diferenças de género em relação à crença
na eficácia dos medicamentos genéricos para as diferentes
doenças. Os homens associam o uso do medicamento
genérico a doenças que consideram menos graves,
enquanto as mulheres associam a utilização do medicamento
de marca a doenças percepcionadas como mais
graves. Apesar do seu carácter exploratório, este estudo
levanta questões importantes no que se refere a aspectos
subjectivos relacionados com a escolha e uso de medicamentos,
o que pode ter implicações para a saúde em
geral e para a adesão a regimes terapêuticos.
domingo, 25 de maio de 2008
terça-feira, 13 de maio de 2008
Jornal de Noticias
A culpa é dos médicos e dos farmacêuticos !
Os médicos violam a lei que os obriga a receitar pela denominação comum internacional (DCI) os medicamentos para os quais existam alternativas genéricas e as farmácias não procedem à substituição de fármacos de marca por genéricos, apesar de os médicos o permitirem em mais de metade dos casos. São estas as razões encontradas pelo Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) para a ainda reduzida expressão do mercado de genéricos. Os médicos defendem-se com argumentos de confiança e farmacovigilância e as farmácias escudam-se numa lei que as impede de substituir medicamentos e entrega esse ónus ao doente.
Segundo um estudo do Observatório do Medicamento do Infarmed, os clínicos só prescrevem pela substância activa em 29,2% dos casos em que são obrigados a fazê-lo (ou seja, em 45% de todas as prescrições, por envolverem substâncias com genéricos). Contudo, em 56% dessas prescrições, autorizam expressamente a substituição na farmácia (3,1% das vezes) ou são omissos (52,5%) ou colocam cruz na autorização e na não autorização (0,4%), equivalente estas duas últimas opções à autorização tácitas. Analisando a receita de fármacos incluídos no sistema de preços de referência (SPR, em que o reembolso do Estado é pelo valor do genérico mais caro), as autorização desce para 2,7% e a permissão tácita para 50,8%.
Ora, acrescenta o estudo, as farmácias apenas dispensaram genéricos em 11,6% das receitas em que a substituição era possível e a alternativa existia. Quando a prescrição era de um medicamento de marca abrangido pelo SPR, apenas foram efectuadas 0,4% das substituições possíveis nas farmácias.
Se, no que toca a médicos, o incumprimento da lei é claro, no que toca a farmácias, o Infarmed avança como justificações para a não dispensa de genéricos a não existência em stock, o desinteresse do farmacêutico que não explica as alternativas ao doente, ou a recusa do próprio doente. Em jeito de conclusão, é sugerido o aumento da sensibilização dos profissionais, da fiscalização do receituário e da penalização do incumprimento. A par disso, o Infarmed aponta a necessidade de alterar a receita (cujo actual modelo foi introduzido em 2002) de modo a fomentar maior prescrição de genéricos, bem como a alargar o sistema de receita electrónica.
Medidas que, recorda o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Aranda da Silva, foram propostas bastas vezes à tutela. "A grande conclusão é que em 70% dos casos não há cumprimento da legislação pelos médicos", diz, rejeitando qualquer ilegalidade no facto de as dispensa de genéricos ser "pouco frequente", como realça o estudo. "A capacidade de manobra das farmácias é muito reduzida quem decide, em primeiro lugar, é o médico, e depois o doente". E a prática diária nas farmácias aponta para que "a maior parte das vezes o doente quer alterar a prescrição do médico".
A mesma defesa é assumida pelo presidente da Associação Nacional de Farmácias. Lembra João Cordeiro, citado pela Lusa, que "a lei apenas exige que o farmacêutico informe (o doente) sobre os medicamentos disponíveis", só podendo alterar a prescrição com autorização do doente. Por isso é que, como Aranda da Silva, João Cordeiro sugere a alteração da legislação, no sentido de o farmacêutico poder alterar a prescrição sem permissão do médico nem do doente. Aranda da Silva sugere um modelo como o da maioria dos países europeus, em que a cruz existe apenas para o médico impedir a substituição, mas exige justificação das razões.
"A mudança da receita parece-me óptima", reage Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos. "Que lhe retirem as cruzinhas". E 3% dos médicos autorizarem a substituição dos medicamentos é um número "exageradamente alto". "Não descansarei enquanto não forem 0%", diz, preferindo apostar no aumento da prescrição de genéricos pelo médico. Mas, para isso, é preciso "confiança", só possível com "mais informação sobre os genéricos" e sem lhes trocarem as receitas. Assim, não só se "perde" a confiança como se colocam em questão a farmacovigilância. "Se um doente está habituado a um comprimido azul e leva para casa um vermelho, pode pensar que são dois diferentes e tomar a dose a duplicar. Acontece, porque nem toda a gente é farmacêutico e há quem não saiba ler".
Os médicos violam a lei que os obriga a receitar pela denominação comum internacional (DCI) os medicamentos para os quais existam alternativas genéricas e as farmácias não procedem à substituição de fármacos de marca por genéricos, apesar de os médicos o permitirem em mais de metade dos casos. São estas as razões encontradas pelo Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) para a ainda reduzida expressão do mercado de genéricos. Os médicos defendem-se com argumentos de confiança e farmacovigilância e as farmácias escudam-se numa lei que as impede de substituir medicamentos e entrega esse ónus ao doente.
Segundo um estudo do Observatório do Medicamento do Infarmed, os clínicos só prescrevem pela substância activa em 29,2% dos casos em que são obrigados a fazê-lo (ou seja, em 45% de todas as prescrições, por envolverem substâncias com genéricos). Contudo, em 56% dessas prescrições, autorizam expressamente a substituição na farmácia (3,1% das vezes) ou são omissos (52,5%) ou colocam cruz na autorização e na não autorização (0,4%), equivalente estas duas últimas opções à autorização tácitas. Analisando a receita de fármacos incluídos no sistema de preços de referência (SPR, em que o reembolso do Estado é pelo valor do genérico mais caro), as autorização desce para 2,7% e a permissão tácita para 50,8%.
Ora, acrescenta o estudo, as farmácias apenas dispensaram genéricos em 11,6% das receitas em que a substituição era possível e a alternativa existia. Quando a prescrição era de um medicamento de marca abrangido pelo SPR, apenas foram efectuadas 0,4% das substituições possíveis nas farmácias.
Se, no que toca a médicos, o incumprimento da lei é claro, no que toca a farmácias, o Infarmed avança como justificações para a não dispensa de genéricos a não existência em stock, o desinteresse do farmacêutico que não explica as alternativas ao doente, ou a recusa do próprio doente. Em jeito de conclusão, é sugerido o aumento da sensibilização dos profissionais, da fiscalização do receituário e da penalização do incumprimento. A par disso, o Infarmed aponta a necessidade de alterar a receita (cujo actual modelo foi introduzido em 2002) de modo a fomentar maior prescrição de genéricos, bem como a alargar o sistema de receita electrónica.
Medidas que, recorda o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Aranda da Silva, foram propostas bastas vezes à tutela. "A grande conclusão é que em 70% dos casos não há cumprimento da legislação pelos médicos", diz, rejeitando qualquer ilegalidade no facto de as dispensa de genéricos ser "pouco frequente", como realça o estudo. "A capacidade de manobra das farmácias é muito reduzida quem decide, em primeiro lugar, é o médico, e depois o doente". E a prática diária nas farmácias aponta para que "a maior parte das vezes o doente quer alterar a prescrição do médico".
A mesma defesa é assumida pelo presidente da Associação Nacional de Farmácias. Lembra João Cordeiro, citado pela Lusa, que "a lei apenas exige que o farmacêutico informe (o doente) sobre os medicamentos disponíveis", só podendo alterar a prescrição com autorização do doente. Por isso é que, como Aranda da Silva, João Cordeiro sugere a alteração da legislação, no sentido de o farmacêutico poder alterar a prescrição sem permissão do médico nem do doente. Aranda da Silva sugere um modelo como o da maioria dos países europeus, em que a cruz existe apenas para o médico impedir a substituição, mas exige justificação das razões.
"A mudança da receita parece-me óptima", reage Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos. "Que lhe retirem as cruzinhas". E 3% dos médicos autorizarem a substituição dos medicamentos é um número "exageradamente alto". "Não descansarei enquanto não forem 0%", diz, preferindo apostar no aumento da prescrição de genéricos pelo médico. Mas, para isso, é preciso "confiança", só possível com "mais informação sobre os genéricos" e sem lhes trocarem as receitas. Assim, não só se "perde" a confiança como se colocam em questão a farmacovigilância. "Se um doente está habituado a um comprimido azul e leva para casa um vermelho, pode pensar que são dois diferentes e tomar a dose a duplicar. Acontece, porque nem toda a gente é farmacêutico e há quem não saiba ler".
Subscrever:
Mensagens (Atom)